sábado, 20 de novembro de 2010

Concepções

São inúmeras as definições do amor. São inúmeros tipos de amor. Saber ao certo, definir milimetricamente  o que se sente quando concluímos que estamos viajando nele me parece ser uma tarefa muito difícil. Mas o amor não se realiza no que se sente, ele ganhou ao longo das histórias dos homens inúmeras materialidades. Por amor o homem construiu tumbas torneadas de riquezas, por amor os homens matam, põe o seu peito de encontro a uma bala. Por amor o homem criou a fidelidade, ele despe o máximo que pode expor de si.
Todos nós sabemos que a fidelidade, como todos os valores dos seres humanos, está imersa em contextos específicos, contextos culturais particulares. No caso da cultura ocidental, os homens personificaram a fidelidade no matrimônio, leia-se na exclusividade conjugal. Não que eles sigam a ferro e fogo tal façanha, parece-me mais comum que eles se comportam mais como animais, que são!, quando o assunto são os desejos da carne. Em contrapartida, a exclusividade conjungal, longe de ser superficialmente entendida como uma prisão, como um valor recactobanal, abre possibilidades de desenvolvimentos estreitos, de inventividades no que esboçamos ser a tão cobiçada liberdade, de uma oportunidade de se despir num terreno que arriscamos mais por acharmos sê-lo seguro. Tá... nem sempre é assim. Concordo. A verdade é que tudo é um risco desde que assumamos a adrenalina de escolher. Seja uma exígua margem de escolhas ou o contrário. O fato é que nunca estamos totalmente livres, porque estamos aprisionados a dependência do outro, da natureza, desses corpos, de nós mesmos.
O que nos impulsiona nesta terra de gregos e troianos é o que decidimos ser, o que sonhamos, o que valorizamos, ou, na mais selvagem e não menos humana situação, o que puramente queremos sentir.  Há quem diga que uma é um cárcere e que a outra é campo fortuito, vice e versa. O que não me deixo esquecer de levar no lombo são os valores que julgo serem básicos, como o da família, que somente puderam ter sido erigidos sobre a fidelidade, no desafio diário de invenções que contrariam a nossa tenra natureza. Mas com o ser humano, desde quando assim nomeou-se, não tem sido assim?

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