quarta-feira, 29 de abril de 2009

Dos últimos dias...


Têm dias que aquelas velhas limitações impostas pelos outros, pelo bem estar dos outros me aperreiam. Normalmente, elas não me indignam tanto, pois venho há longa data aprendendo que se eu quiser estar feliz, atenta com o que a vida proporciona e com o que se pode desfrutar com inteligência, o melhor é aproveitar as frestas e fazer delas direito de costume. Mas, nos últimos dias, entraves externos de longa data tem me mexido, causando aqueles sentimentos que incomodam como ferida ulcerada( embora eu nunca tenha tido uma, sei que demoram a sarar, que doem e que a passividade de ecolosão e a consequente saída do seu estado adormecido amedronta aqueles que são assomados por elas).
"As vezes cansa matar um leão por dia." Adequando ao que sinto agora: As vezes cansa me deparar com os mesmo leões, principalmente, quando se não fosse por uma única coisinha eles não seriam um problema. E são eles que são os problemas! Eles vem de alguma forma, mesmo que indiretamente. E eles ainda são meus parentes arranjados. Que destino!

terça-feira, 21 de abril de 2009

Adoção e homoparentalidade.


A quantidade de crianças que esperam a adoção saltam aos olhos. Essa realidade denuncia os altos índices de gravidez na adolescência, a falta de planejamento familiar e a dificuldade de sustentar um indivíduo provendo-o de educação qualificada, permitindo-o acesso a cultura, a arte e de oferecer-lhe sobretudo amor. Não que amor dependa de dinheiro, mas quem ama com fome? Quem cuida com fome? Quem constrói com fome?
As crianças continuam esperando alguém que as amem, que as acolham, são os sonhados pais. Em contrapartida, não vejo muita gente querendo adotar, afinal, há tantos preconceitos a superar: "Não sei de onde saiu, como vou tê-lo como filho?", "E se tornar-se um marginal?" , "Ele não tem o meu sangue, por isso não posso confiar!".
É fato que o Estado e a iniciativa filantrópica por meio das casas de apoio e os orfanatos não fazem nem cócegas no problema do abandono infantil, este que é mais um efeito das deformidades estruturais de uma lógica social em que o indíviduo se responsabiliza menos com o seu semelhante e a desigualdade entre os últimos impera.
Para os que desejam adotar, eis um processo demorado, dificultoso e cansativo, papéis e um tremendo protocolo, afinal, o risco de tráfico infantil, de prostituição, de submissão ao trabalho forçado e da não adoção afetiva da criança no lar familiar são temidos. São inúmeras as exigências, agora tem uma que na contemporaneidade tem suscitado muita celeuma, principalmente aqui no Brasil e em outros países considerados religiosamente conservadores: A adoção deve ser restrita a casais heterosexuais?
Aí tem muito pano pra manga. O direito parece se embasar somente em si, a máxima de que o direito é positivo e se basta a si mesmo o distancia do entendimento básico de que ele deve refletir as experiências sociais, a fim de que nelas seja mantido o bem estar coletivo e individual. Já o argumento de que o homem nasceu para a mulher e, com isso, a formação moral e social salutares de um individuo só é possível por um casal heterossexual me confunde, quando o que vejo é um novo cenário onde os valores patriarcais e machistas declinam, dando lugar a uma nova postura da mulher no locus familiar, social e econômico e possibilitando novas concepções de arranjos familiares. Para terminar, endossando o argumento dos contrários à adoção por casais gays, têm os religiosos ortodoxos que se baseiam no príncipio dogmático cristão de que a homossexualidade é uma aberração humana.
O que me derrama em reflexões é o fato, deveras esquecido, de que é um dever fundamental entre os símios pensantes se responsabilizar pela outro. Digo, ver o seu semelhante como a si mesmo, e suas limitações naturais como suas também. Isso é bíblico!
O que concluo é que muito antes de nos embebedarmos nos sentimentos individuais e muitas vezes mesquinhos, de nos embasarmos em códigos jurídicos que não abarcam as descontinuidades inerentes a vivência humana e de nos concentramos na nossa salvação, que, biblicamente, traz emputada em si a responsabilidade pessoal e também dependente de como procedemos em comunidade, devemos colocar diante de nós o simples fato de que o mamífero homem depende crucialmente nos seus primeiros anos de vida do suporte físico, material e afetivo de outro já formado.
A homossexualidade não é de agora, a modernidade, toda essa efusão de novas tendências e o irremediável conflito com antigos valores só ofereceu espaço para que os gays conquistassem mais visibilidade, seja social, seja política ou econômica. Os casais gays estão"saindo do armário" e como qualquer casal heterossexual buscam por meio da adoção efetivar o desejo de formar um núcleo familiar, característica basilar dos mamíferos.
O que vejo é que contrariar o desejo de muitos casais gays que afetivamente consideram-se felizes e que socialmente e moralmente não se vêem como incoerentes é admitir a incapacidade de lhe dar com o diferente, atestando a inflexibilidade típica dos valores machistas e unidirecinais, outrora em voga.
Os religiosos apocalípticos temem o fim dos tempos por constatarem tantas disformidades tendo como base os muitos dogmas cristãos, mas apocalíptico mesmo é deixar tantas crianças esperando, frustrando-se com as poucas possibilidades de adoção, sucumbindo no abandono e no ineficiente acolhimento do Estado, enquanto muitos casais dispostos a aprenderem e a serem pais, amigos e mantenedores batalham pela adoção.

sábado, 11 de abril de 2009

Meu quadrinho de todas as manhãs.



Seria hispocrisia dizer que não me queixo de alguns acasos e voltas da vida, que em muitas vezes um pouquinho mais de conforto material catalisaria várias reações que compõe a minha jornada. Tem situações que se tem que dispender muita energia para que as coisas saiam do jeito que a gente quer, que pelo menos tangencie o ideal de satisfação que edificamos diante de nós todos os dias. Quando se tem a tendência de perseguir a "perfeição" então, é aí que nos doamos mais e sofremos numa medida maior.
Aprendi muito cedo a decidir e agir, e confesso que é difícil não estar no controle de tudo, e mais, entender que as coisas têm grande chances de não sair como eu planejei seja porque não estou a frente, seja porque de alguma forma tenho que aprender com o que não está no scripit.
A verdade é que aprendo sim todos os dias, mas sei que a base está bem erigida, muitos valores já foram paridos e que agora é trabalhar e estudar para que os frutos venham. E eles vem aos poucos, bem devagar.
Sobre o que estou refletindo agora lembro sempre e vejo flashes todos as manhãs quando acordo e olho o meu quadrino de fotos.
O tempo passa e tanta coisa muda. O que fica mesmo são as figurinhas que trocamos com quem escolhemos, ou casualmente não escolhemos. O que me conforta e me impulsiona são essas pessoinhas e suas figurinhas. Hoje eu tenho algumas que vou lhes apresentando aos poucos, afinal, tudo vem em doses homeopáticas, senão não vemos mais do muito que já perdemos naturalmente. Então vou lhes falar um pouco sobre as fotos do meu quadrinho:
Na esquerda extrema do quadrinho tem eu e Jel brincando no Cristo da Barra, logo abaixo tem uma foto da Alanis e eu e Jéssica caminhando no Campus da UFBA; ao lado da Alanis tem eu e Jéssica, essa foto é do tempo do colegial, estávamos no terceito ano, amo esta foto!, já embaixo desta está eu e Marcos no mercado modelo de Recife; na diagonal da foto do colegial, tem uma foto da minha turma do CEFET numa vez que fomos ao cinema e logo embaixo tem mais uma minha e de Jel, esta foto já tem uma ano mais ou menos; do lado da foto do cinema tem uma fotografia que é muito importante na minha vida, foi tirada no primeiro dia de aula do CEFET, eu tinha dezesseis anos e era o dia da calourada - essa escola mudou minha vida profundamente, depois lhes falo um pouco do que vivi lá -, logo embaixo dessa tem outra fotografia da nossa turma numa feira para vestibulandos que aconteceu num shopping e também embaixo tem duas fotos, uma minha com meu querido Ruan, estávamos no terceiro ano e neste dia eu e uma amiga minha tocamos na praça vermelha do CEFET - como fiquei nervosa neste dia, ainda bem que tudo saiu bem -, e a outra é da minha sandália e a de Jel, amamos havaianas!; já em cima da minha foto com Ruan tem uma de quando eu tinha seis meses de vida e logo ao lado uma outra foto que tirei há um ano atrás.
Ops!, não poderia esquecer de Gabi e Carol(na foto separada), elas foram minhas parceiras nas atividades escolares e em muitas aventuras, as filadas e os atrasos para ir pra aulas, enquanto a nossa professora de geografia abriiiiaaaa a fechadura da porta do carro (auahuhauahauh!!!) e o mais enesquecível: que bela volta demos no nosso professor de física para ele adiar o nosso trabalho, pois a nossa apresentação se chocava com a comemoração dos aniversários de Gabi, de Deco e do meu (a Ilha foi maravilhosa!!!), duelamos com a turma 36 que muito nos amava (hehehe).
Bem, aí tem um pouco do que me acompanha e, embora, algumas coisinhas tenham que melhorar, não posso me queixar dos amigos leais e incríves que volta e meia encontro nos caminhos da vida. Com alguns deles - Jéssica está sendo a minha grande experiência disso - estou aprendendo a me deixar ser protegida, com os outros mantenho a minha velha postura de bem despachada. O fato é que não deixo de ser e aprender!
E eles que me move agora!

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Salvador, cidade da alegria?


Bem, o que vejo não é muita alegria. Ela deve ter se escondido em qualquer viela, em uma favela, ou será que ela só aparece no carnaval? A terra do cosmoaxé, produto de uma miscelânea de cores, ritmos, hábitos e religiosidades afro-brasileiras parece sucumbir 359 dias por ano, já que os outros seis é só folia. Folia?! Deve ser a folia embranquecida, onde o que mais se evidencia é um cinturão de pobres e negros formando um paredão humano para proteger um miolo composto de dois carros tocando música, uma celebridade e de algumas milhares de pessoas que pagaram caro, muito caro!, para beijar, contabilizar corações conquistados em parcos minutos e, é claro, exibir-se, afinal o homem contemporâneo regojiza-se de capital sócio-simbólico, das aparências.
Mas Salvador não é só carnaval, o que vejo é uma cidade onde as contradições saltam aos olhos. A pobreza e a violência se agudizam numa proporção sem razão constante. Sem falar no isolamento cultural que o povo daqui sofre, as atrações teatrais e musicais renomadas que por aqui passam já têm público certo: a velha e bem conhecida aristocracia que outrora era colonial e que hoje é a burguesia.
Não vou esmiuçar sobre as condições precárias de transporte, habitação, saneamento básico, educação pública vergonhosa e desemprego estrural que são máximas nesta terra de gente bem receptiva, até porque, essas máximas são bem conhecidas em muitos lugares no Brasil. O que me indigna é essa exposição ultrajante e descarada de uma Salvador que sempre está sorrindo, quando não de boresta, já que a caricatura do baiano preguiçoso é bem disseminada por aí a fora.
Aqui tem gente bonita, cultura exuberante, pessoas que deselvolvem de arte à ciência, povo que trabalha e trabalha muito, contudo, o ambiente está bem habitado por políticos caudilhos que ou se aproveitam da ausência do suprimento de necessidades básicas das massas para se promoverem, ou se aliam a grupos abastados, ou não, alimentando reciprocamente o conluio da mesquinhez e dos interesses individuais.
O que me move neste momento é a perplexidade. Só para constar, nos dois últimos domingos, no final da tarde, acabei presenciando dois tiroteios, um quando voltava da casa de Ruan, após longo dia de estudo e ontem quando fui levar o Ruan até o ponto para pegar o seu ônibus. A sensação é de medo, impotência e terror. A periferia geográfica ou social de Salvador está ardendo em chamas. Chamas oriundas do esquecimento e do fingimento das lideranças públicas.
O que decidi foi não me render ao medo, mas vou reforçar a minha diligência. Outrossím, não vou em nenhum momento omitir o crescente estado de bárbarie que a cidade da alegria parece engedrar com força total. E viva o carnaval!, porque ano que vem tem mais folia.



P.S. Menin@as, perdoem a demora de postar, estou com o tempo muito corrido. Planejo mudar de área de estudo e por isso vou fazer vestibular novamente. A minha vida tem sido tomada de estudo e trabalho. Vou tentar postar com mais frequência. Abraço a tod@as!