quarta-feira, 28 de julho de 2010

O pertencimento

Todo mundo quer se sentir incluído, mesmo com o crescente afrouxamento dos laços de solidariedade humana, que bem começou lá nos idos do século XVII com a Revolução Industrial. Que digam que relacionamentos bem sedimentados sejam trabalhosos e que por isso o mais prático e just in time seja curtir, pegar ou manter coleguismos de situação, o fato é que todo mundo quer estar inserido em algum grupo. O tema que me envolta em reflexões é: o que é necessário para se sentir em grupo. Muitos vestem, falam, pensam e andam padronizados, ou seja encarnam novos comportamentos. Isso não é novidade para ninguém, o fazer-se na moda estar aí para todo mundo.
O que me inquieta é a questão de aonde foi parar a valorização da individualidade das pessoas. Não digo essa individualidade mesquinha e vazia que a nossa geração absorve acriticamente. Digo, uma individualidade debruçada no ato de exercitar a subjetividade, o filosofar sobre o ser-objeto-em si. Não que devamos nos voltar para nós mesmos como um caracol que se volta para a sua concha, e com isso nos descontextualizemos dos mundos que nos cercam, mas que saibamos mais sobre nós, que nos tornemos mais bem entendidos e mais politizados de nós.
Me espanta a superficialidade que as pessoas  encarnam em suas vidas, mudam por tudo da mesma forma que trocam de roupa diariamente. Quando não assumem esta postura camaleônica pouco substantiva, resolvem encarnar a tautologia como modo de vida.
Falta muito o exercício do ensaiar ser, mudar, aperfeiçoar, ser de novo. E com tal falta de assetividade a criatividade e a inteligência perdem lugar para o ser-produto em série.

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