domingo, 26 de dezembro de 2010

Competição.


É fato que a competição é uma atitude, um sentimento e uma condição biológica. Os animais competem por alimento, abrigo, fêmeas ou machos,empregos, riqueza, ficadas, glamour, carros. Essa competição se adequa às perspectivas de cada espécie, e diante de tal cenário me inclino a propor uma evolução as avessas, correspondente à sequência proposta ainda a pouco.
Não que a competição seja naturalmente um entrave a natureza, afinal a última está aí  devido ao equílibrio caótico de muitos fatores, dentre eles a competição. Acontece que os seres humanos perverteram a competição, tornaram-na um trunfo horrendo e desumanizante, aonde o que vale é a supremacia de um falso ego, pouco criativo e homogeneizante. Perdoem as palavras pesadas!
Bom, o pior de tudo isso é que os competidores  não partem de um pré-condição igualitária, a crua desigualdade tempera o clima  competição, agudizando mais ainda os desejos e prazeres mais sórdidos de submissão de um pelo outro. Nessa conjuntura, que até então demonstra contornos de uma estrutura, a divisão, a obliteração do indivíduo e a crueldade parecem estar ganhando da solidariedade.
Todo esse blá blá blá que eu vos conto aí em cima é para vos dizer que o sentimento natural de competição dentro de mim tem outros contornos; resolvi em algum momentos desta minha vida a competir comigo mesma. Pra não dizer que isso é demasiadamente vaidoso da minha parte, digo que tenho referenciais e que os escolho criteriosamente. Busco-os  nos seres humanos simples, bons de coração, e nem por isso menos passíveis de serem cruéis em algumas circunstâncias, uma idéia de como esboçar os caminhos que julgo serem honrosos. Erigi como bons exemplos pessoas caóticas, mas que saem da toca, ou como diz o Jostein Gardder aqueles que sobem ao topo do pêlo aventurando-se, independente dos infortúnios que poderão enfrentar.
Por competir comigo mesma assumo a responsabilidade do risco  maior : o fracasso diante de mim, só para mim. Talvez seja por isso que é mais tornar o outro o êmulo, pelo menor enfrentamento, pela menor queda, menor dor. Por outro lado, não me escondo, enfrento-me, entendo-me, me surpreendo, mudo de rota. Foi essa a forma que encontrei de perseguir o que posso ser de melhor.

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