quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

O “masculino” .


A primeira vista o “masculino” em minha vida é trágico, conheci o lado machista, pouco afetuoso, o abandono. A paternidade fora tão frustrante que construi em mim só o lado que compreendia ser mais vantajoso: a fortaleza aparente, aquela que é o suor da masculinidade.
Quando cresci, descobri que a aparência do incólume que via e entendia de melhor nos homens que me cercavam era puramente uma herança pouco substanciosa, antes, era oriunda de vantagens de longas datas, herança essa que,embora socialmente vantajosa, tem e teve consequências desastrozas para os homens delicados, não necessariamente os gays, mas aqueles de coração mole, artistas, “inadequados” a um tempo ou a uma moda.
A adolescência precoce me fez conhecer outros “masculinos”, é!, e aprendi muita coisa. Conheci o sentimento de gratidão por meio de um homem, ele me acompanha há bastante tempo, há sete anos, não é primo, irmão, muito menos pai, um dia foi namorado, hoje é não sei o quê, pois tem vezes que ele é quase tudo, menos meu marido ou namorado. Aprendi os meus primeiros passos nesse mundão ao lado dele, com o seu cuidado ora desleixado, ora consolador.
Conheci por outro homem, no início um menino, um parceiro de muita semelhança, um casamento quase perfeito. Por aí, como nada é perfeito mesmo, conheci ao lado dele o combate com o mais parecido de mim, um confronto que muito me fez crescer de tão enriquecedor que era. No entanto, como quase tudo anda em crise hoje, essa relação ora sorri, ora cambaleia. Ele também tinha/tem o oposto de mim, quase inefável, duro, uma rocha, por outro lado eu era a comunicação em pessoa, sempre desarmada; o resultado: trocamos algumas figurinhas.
Já nos dias de hoje. Minha vida não teve muitos homens, ou “masculinos”, contudo, tenho descoberto e refletido muito sobre eles. Não sonho mais dormir e acordar todos os dias ao lado de um, também não saio gritando aos quatro ventos: “Eu preciso de um homem, como um peixe de uma bicicleta” – desde já, não tenho nada contra quem pensa assim! -; confesso que o que tenho conhecido, ainda que pouco, da gentileza, da atenção, da sensibilidade, da inteligência e do ser prático dos homens é encantador. Concluo que melhor a ser é compor-se deles e delas.
Os acontecimentos que outrora significaram traumas com o “masculino” em minha vida, tenho optado por aboli-los ou pouco importá-los. Prefiro apurar as minhas percepções para o “belo”, com “o” mesmo!; o bom é não perder a oportunidade de se impressionar, limitando pouco, aprendendo mais e se movimentando para destruir o que há de muitas eras que enfraquece, rotula e limita o “masculino”.

2 comentários:

Anônimo disse...

Oi =)
Obrigada pela visita e pelo elogio.
Beijos.

Lana disse...

Então, li algumas vezes esse texto.
Me fez refletir MUITO.
Só hoje resolvi escrever sobre ele.
Tive bons encontros na vida.
Masculinos, Femininos... Humanos!
Sorte? Não sei.
Acredito que os encontros que temos na vida tem uma íntima ligação com o que trazemos por dentro..
Hoje o masculino presente em homens me é um pouco estranho, mas não (de forma nenhuma) repulsante.
Me é estranho pq a vida me ofertou outra possibilidade, só por isso.
Mas sei que o culturalmente masculino (forte, decidido, seguro) está presente em tod@s. Assim como o culturalmente feminino (submisso, subserviente, amoroso, materno) também. Cabe a nós dosar e equilibrar. SEMPRE!

Só tenho uma ressalva, uma frase que acho que tem me feito pensar... "os acontecimentos que significaram traumas ... tenho optado por por pouco importa-los" . Amiga.. não abolimos traumas. Trabalhamos, enfrentamos e enterramos.
Quanto mais tentamos ignora-los, mais poder damos a eles.

Adoro como escreve.
Beijos